segunda-feira, 30 de maio de 2011

Este país não se dá ao respeito



Veio hoje a lume que “pelo menos 3700 formulários foram produzidos com irregularidades em delegações regionais do Instituto de Mobilidade e Transportes Terrestres (IMTT), permitindo a emissão de cartas de condução falsas” (leiam aqui a notícia)

Ao que parece estas denúncias foram feitas há 3 anos! E o que isto deu? Rigorosamente em nada porque, aparentemente, os 70 directores (sim disse 70 e não é engano) de tal instituto não se dignaram a perder o seu precioso tempo a investigar, analisar e rever procedimentos e a instaurar procedimentos disciplinares a quem deviam. Ficou tudo na mesma e se não fosse a Polícia Judiciária a fazer alguma coisa o assunto ficaria adormecido.

Obviamente que eles não iam investigar, corrigir situações e instaurar procedimentos por dois motivos: Primeiro isso dá muito trabalho e segundo não convém mexer com os poderes instituídos e com os esquemas que se usam há anos porque todos precisam de comer do mesmo tacho.

Acho que estes senhores deviam estar demasiados ocupados a usar as suas mordomias de funcionário público de topo e a receber salários acima do nível da função pública. Pois é, os mesmos meninos que nada fizeram acerca das cartas falsas andavam a comer desde 2007 uma dose extra de lagosta graças aos impostos dos outros. Fazem-se pagar mais caro, deturpam a lei para encher os seus bolsos (vejam a notícia) e ainda são completamente inúteis na sua actuação como dirigentes.

Este instituto e os senhores que o dirigem são um exemplo do cancro que alastrou e contaminou a função pública. Ser funcionário público de topo é visto como um privilégio e um objectivo de vida para quem tem ligações partidárias. Não é a função que está em causa, não é o brio de servir o público e o país, o que se pretende é servir os interesses pessoais e das amizades de ocasião para prolongar o compadrio.

O que se passou na cabeça desta gente não foi a ideia que o país é assolado por milhares de acidentes rodoviários todos os anos, muitos deles derivados da incompetência, incapacidade e inconsciência dos condutores. A ideia que lhes passou pela cabeça foi que se nada fizerem não chateiam ninguém e talvez ninguém note que eles andavam a receber mais dinheiro do que deviam.

São Institutos como este que contribuem para levar o país à falência, torná-lo mais corrupto e manchar a função pública. Não trazem qualquer serviço público digno desse nome.

Vão lá fazer mais uma campanha de prevenção rodoviária a gastas milhares de € em anúncios inúteis e não se esqueçam de contratualizar com empresas de publicidade em que tenham amigos e familiares que isso é que era a cereja em cima do bolo. Estou a gozar mas aposto que mais tarde ou mais cedo também vão descobrir alguma coisa do género.

Um país que se dá ao respeito já tinha forçado os agentes políticos a realizar uma vassourada neste instituto e estes meninos já estariam despedidos com justa causa mas não…..dá muito trabalho fazer isso e se calhar não convém a quem tem a tutela e os nomeou…afinal devem ser todos da mesma escola.

Mas como o país anda distraído com a campanha eleitoral....

1 comentário:

  1. Eu e um colega chamávamos a esse Instituto o "Instituto das Florezinhas", tal era a falta de rigor e formalismo com que tratavam os processos.
    Um certo funcionário teve a distinta lata de mandar um email (não oficial) com um NIB, para que o nosso Cliente efectuasse o pagamento de uma (suposta)coima!!
    Quando questionado sobre a titularidade da conta e sobre a notificação oficial para pagamento, apenas respondia "façam a transferência para acabar com o processo"!!
    Claro que o nosso Cliente foi aconselhado a não fazer o pagamento naqueles termos, mas... quantas pessoas não o terão feito??

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